75 anos de rádio

Ontem foram comemorados os 75 anos da Rádio em Portugal.
Foi com a rádio que se iniciou a revolução de Abril, é com a rádio que a maioria de nós acorda todos os dias e que nos acompanha o dia-a-dia.
Eu sou dos que ouve em média 6 horas diárias... E mais do que a televisão, é ela que me permite estar a par da realidade nacional e internacional.

Foi com a antiga Rádio Nacional, que salvo erro era da zona de Castelo Branco que conheci os Ornatos Violeta e a famosa "quero mijar, quero mijar...", foi com a RFM que me habituei a dizer "irra... mas o Mercury já morreu há tanto tempo, como raio é que os Queen têm assim tanta música a dar?", foi com a antiga Comercial que me ria a bandeiras despregadas com o "Homem que mordeu o Cão" e os ouvia a toda a hora inclusivamente o excelente "Hora do Lobo" com o falecido António Sérgio.
Lembro-me da Vox e o que gostava dela, "a melhor rádio cá do prédio" ou "não confundir a obra prima do mestre com a prima do mestre de obras" ou ainda "tira os olhos da abeia, cabalo!" e da Marginal que também passava música porreira, mas
foi com a Radar que passei o meu tempo de faculdade e conheci tanta música nova e tantos grupos que hoje fazem parte do meu gene musical tais como Dears, Badly Drawn Boy, Blocparty, Black Heart Procession, Arcade Fire, Thrills, Eels, Flaming Lips, Strokes, etc, etc, etc e ouvi das coisas mais soberbas. Lembro-me perfeitamente de sonhar que o maior objectivo seria que a "minha" música passasse na Radar.
Posso até aqui indicar que a Radar em 2003 tinha um erro na passagem de músicas às 2 ou 3 da manhã... Era uma música de Strokes que bloqueava e recomeçava e depois parava novamente, até que entrava outra faixa... Eu era um nerd radarense.
Sempre ouvi também a Antena3, pois (in)felizmente existe UMA emissora nacional que tenta ser mais direccionada para um público jovem.
Para mim rádio é sinónimo de novidades. Não gosto de uma rádio com uma playlist de 1986 ou de uma rádio apenas com as músicas do momento e que me obrigue a engoli-las.
Gosto da sinceridade e da busca pelos novos autores, nacionais e internacionais.
No evento "AMAIO PORTUGUÊS", foi possível ouvir diversas pessoas ligadas a este meio e entender que nem sempre o serviço público anda a par com aquilo que a população quer.
Mas isso são outras ondas hertzianas...

No dia em que a rádio portuguesa faz 75 anos, devemos felicitar-nos por termos cerca de 300 rádios locais, onde na maioria das vezes, as pessoas trabalham por verdadeiro amor à camisola.

Em nome do MAR: muitos parabéns a todos os profissionais desta bela arte que é a RÁDIO.