Falar de música parte 1


Encoberta sobre uma espécie de véu, a eterna luta ( nem sempre recorrendo às armas certas ) entre os fundamentalistas da música portuguesa, os eclécticos curiosos, os simplesmente preocupados e os que nem gostam do som em português, sempre causou perdas de informação preciosa em ambos os lados da barricada.

Barricada que nem sequer deveria existir e muito menos o degladiar de argumentos por vezes ridículos. Tanto por parte de músicos como por parte de ouvintes da rádio, pesquisadores de som nas lojas de música etc etc etc

Vivemos hoje num país, que felizmente, começa a descentralizar a oferta cultural.
teatros antigos são revitalizados, informação cultural das mais diversas formas e suportes são criados, festivais de música dos mais diversos vão surgindo por aí e todos - TODOS - os que se mostram realmente interessados vão participando de alguma forma.

Por vezes sinto que a vontade de participar nesses eventos é maior do que a de realmente assistir.

E a maior parte nasce dos próprios artistas, que finalmente recuperaram o espírito das "comunas" criativas, dos encontros culturais e da obtenção de uma noção de liberdade e de maior interacção e partilha.

A sombra da bananeira dos dinheirinhos e apoios camarários deixaram de ser vitais.

O apoio do estado e de outro qualquer órgão representativo de poder político deixou de ser déspota na cabeça dos criativos. Passou a ser ( e correctamente ) parceiro e por vezes o "interessado em".

Um exemplo maior é o Penhas Rock que à ( surpreendente ) 3ª edição, sita em Penhascoso - concelho de Mação, os irmãos Morgado e companhia ilustre da juventude, apostando na diversidade cultural foram convidar outro agrupamento de artistas - O MAR ( movimento alternativo Rock - para em conjunto organizar um festival anexo temático tendo como pano de fundo as bandas que ninguém nunca ouviu na rádio ou seja onde for, para apresentar os seus trabalhos.

Angariaram patrocínios, entre os quais os da câmara e os da junta ( lá está... as ditas parcerias ), divulgaram como conseguíram, e como se fosse um almoço de domingo de família, dependeram só da entreajuda magnifica do que cada um trouxe e pode arranjar.

Resultado?

Umas 300 pessoas a ouvir, a comer a conviver e a apreciar o que esta nova união de músicos tinha para oferecer. A absorver as novas tendências da produção cultural, a aceitar a diversidade como se fosse pão para a boca.

Ali tiveram a oportunidade de ver nascer o novo espírito, a nova aura independente ( verdadeiramente independente ) de uma nova geração de artistas, compositores que se juntam finalmente e não ficam à espera a chorar do apoiozinho.

Finalmente uma família.

Aqui fica o meu tributo singelo aos organizadores do Penhas Rock - Circus Mar que decorreu em Penhascoso em Outubro, e aos músicos que nele participaram e a todos os que estiveram lá desde a montar andaimes a fazer a comida aos que simplesmente foram contribuir com a sua amizade e boa onda.


Vivemos novos e excitantes tempos, estamos de parabéns... é continuar!

Foi uma honra partcipar!

obrigado!

e agora.... fasha vôre de de ir espreitar aqui em baixo os brutais NERVO!!!

vá!