Não há nada mais mágico, visto à distância, que fazer um line up momentos antes de entrar em palco, é quase a assunção de que os temas fazem parte do momento, que têm uma vida fora do palco, fora dos players do my space ou da Play list do ipod. Onde os nomes ganham sentido. Onde se testa o encadeamento de um trabalho que significa horas a fio fechados em estúdios com as pessoas que consideramos às vezes mais que família.
É escrito das mais diversas e improvisadas maneiras. Com a caneta que se tem à mão, normalmente com a pior caligrafia possível, num pedaço de papel que se tenha por ali. Normalmente rasurado pelas trocas e reviravoltas que surgem, com a capacidade opinativa da banda que, no fundo, ali estrutura a sua persona.
É com sabor de concretização e ao mesmo tempo anseio e aposta que esse papel se coloca no chão, junto aos pedais, em cima dos amplificadores, ou onde der mais jeito.
É nele também que se identifica a banda como gente de espectáculo, onde se ensaiam e projectam dinâmicas de concerto. Títulos introdutórios, altos e fortes momentos ou cenários mais intimistas intercalados, ou até mesmo para os mais cénicos, uma ordem dramatúrgica.
Mas sejamos sinceros, a primeira improvisação acaba por ser sempre antes do concerto na definição do line up.
A minha parte favorita e a mais caricata são sempre aqueles dois temas que separados do resto por uma linha, apontam as músicas para o encore, ora suplentes na base da descrença do pedido do bis por parte de uma rápida avaliação da plateia pela banda, ou então nas noites mais confiantes, a aposta certa em temas mais queridos para aguardar pelo mágico “ só mais uma”.
Ser músico tem destas coisas, e ainda bem.